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Archive for outubro \24\+00:00 2007

da Folha de S.Paulo

Leia, a seguir, depoimento de Nicolau Sevcenko, 49, professor de história da cultura da USP e autor de “A Corrida para o Século 21” (Companhia das Letras), entre outros livros:

Ao que parece, nós canhotos somos vistos no máximo com condescendência. Os destros tentam levar a condição no bom-humor, mas no fundo há um tom de “ainda bem que não sou assim’. Às vezes, chega a ser sádico.

Minha família vem de uma comunidade na Rússia, onde ser canhoto era proibido pela lei e pecado para a Igreja. Por pressão da comunidade, minha mãe amarrava minha mão esquerda nas costas para me forçar a usar a direita. Como consequência dessa violência, tive uma espécie de curto-circuito entre os hemisférios cerebrais. Me tornei disléxico [dificuldade de leitura] e dislálico [distúrbio da fala]. Até hoje tenho enorme dificuldade para preencher formulários, cheques e falar sob tensão, o que é complicado na minha profissão.

Tudo é feito e planejado para a mão direita, o que sempre fez com que eu provocasse muitos acidentes. Isso acentuou a idéia de que eu era uma espécie de débil mental, um monstrengo. Recebi vários apelidos durante a vida, como “nóias’ ou “mongolóide’. Eu acreditava no que diziam e sempre fui muito melancólico.

Para que eu me conformasse com minha condição, minha mãe contava uma lenda russa sobre a origem dos canhotos.

Só quando já era adulto é que comecei a entender que ser diferente não significa ser inferior. Justo nessa época começou a se falar da teoria da bicameralidade —as distinções estruturais e funcionais entre cada qual dos dois hemisférios cerebrais. Descobri os potenciais notáveis de ser canhoto: o lado direito do cérebro, que controla a mão esquerda, é o da expressão artística, do simbolismo, da afetividade, enquanto o hemisfério oposto é analítico, calculista, planejador.

Portanto, para que qualquer cultura seja harmoniosa, ela deve contrabalançar as duas tendências. O ser humano só realizará o melhor do seu potencial se os dois hemisférios interagirem criativamente. Defender nossa condição não é nosso direito, é nossa responsabilidade ante a espécie humana. Dêem uma chance à esquerda!

http://www1.folha.uol.com.br/folha/sinapse/ult1063u63.shtml

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O mundo espelhado

O mundo espelhado
Utilizar a mão esquerda para as funções básicas não é uma anormalidade, como se desenha na história. O canhoto é apenas uma pessoa que utiliza como dominante o lado esquerdo do corpo

Ana Cecília Mesquita
da Redação

19/08/2006 16:52

O mundo em inversão, espelhado. O canhoto se adapta a uma realidade que se apresenta ao avesso, com objetos contrários daquele que seu cérebro considera normal. Entre 5% a 10% da população têm como preferência o lado esquerdo do corpo para atividades como escrever, recortar e vestir.

Não faz muito tempo, definia-se que o normal era ser destro e se fazia de tudo para que a criança mudasse a dominância pela esquerda. Se o bebê tentasse pegar o brinquedo com a mão esquerda, levava um tapinha e automaticamente o objeto era colocado na mão direita. Na escola, eles eram condenados a ficar com a mão amarrada para se acostumar a usar somente a direita. Eram vítimas da palmatória, porque os professores reprimiam as crianças canhotas, que eram corrigidas por escrever com o caderno virado para a direita.

O contexto de preconceito mudou, mas o mundo ainda é feito para os destros. Os instrumentos musicais de corda não favorecem, as máquinas fotográficas também não e os abridores de lata são uma dor de cabeça. E o que dizer das tesouras, com as quais não se pode ver a linha que está sendo cortada? Se você é destro, talvez nunca tenha prestado atenção, mas as maçanetas e as torneiras também são feitas com a mesma lógica do destro (giram para a direita).

“Ainda hoje, é uma luta para as pessoas canhotas estarem em lugar onde têm que escrever como concurso, palestras, não porque sejam desajeitadas mas porque faltam objetos e cadeiras apropriados”, frisa a neuropediatra Gilma Holanda, professora da Universidade de Fortaleza (Unifor) e preceptora do Hospital Infantil Albert Sabin (Hias). Ainda é difícil encontrar artigos para canhotos no Brasil, como tesouras e abridores. Essa é uma reclamação geral. Para chamar a atenção para o problema, comemora-se em 13 de agosto o Dia Internacional do Canhoto.

Na Flórida, Estados Unidos, a loja The Left Hand (A Mão Esquerda), disponibiliza centenas de artigos feitos para canhotos e na Inglaterra várias outras têm essa oferta. Entre os objetos, tesouras e relógios. No Brasil, algumas empresas fabricam tesouras para canhotos. Em termos de acessórios para computador, outras fabricam mouses, que podem ser usados por destros e canhotos, por exemplo.

Mas até hoje, resquícios da linguagem e das superstições também não favorecem. Canhoto em português significa inábil, desajeitado, no dicionário Aurélio. Quem nunca ouviu a expressão: “fulano acordou com o pé esquerdo”, querendo significar azar ou mau humor? Até para se desejar boa sorte no Réveillon se indica entrar no Ano Novo com o pé direito. A religião e a política também não perdoam. Nas orações, Jesus Cristo está sentado à direita do Pai. E a esquerda na política está relacionada à subversão.

“É preciso olhar e acolher as diferenças, porque o canhoto não é anormal, nem menos capaz, mas o mundo ainda não favorece, os objetos são feitos para os destros. Ele não vai ter a mesma habilidade no início, mas depois se adapta bem. Falta habilidade de adultos, pais e professores, para facilitar esse processo. As escolas devem oferecer mais cadeiras, porque ele se entorta para escrever e pode prejudicar até a postura”, alerta a psicóloga e psicomotricista Cláudia Santos Jardim, professora da Unifor e coordenadora da especialização em Psicomotricidade na universidade.

Quando são oferecidos objetos próprios para o canhoto, ele não vai perder tempo e nem energia para coisas simples do cotidiano. Está mais do que provado que ser canhoto não tem relação alguma com a pessoa ser desajeitada ou inábil. Existem muitos canhotos na vida artística e eles também podem ter a letra linda. Entre as “esquerdas brilhantes”, há os exemplos de Charlie Chaplin, Robert De Niro, Jimi Hendrix e Albert Einstein. Precisa dizer mais?

http://www.opovo.com.br/opovo/cienciaesaude/622759.html

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Canhotos e inteligência

Uma crença comum sugere que canhotos são mais inteligentes ou criativos do que os destros. Enquanto que ainda há um debate dentre a comunidade científica em como a inteligência e a criatividade são operadas, alguns estudos demonstram uma correlação positiva entre canhotos e criatividade/inteligência.

No seu Livro “Right-Hand, Left-Hand” Chris McManus da Universidade de Londres, argumenta que a proporção de canhotos está aumentando e canhotos são um grupo que historicamente produziu um montante de realizações e feitos acima da média. Ele diz que o cérebro dos canhotos são estruturados diferentemente, em um modo que aumenta a gama de habilidades deles, e os genes que determinam o canhotismo também governo o desenvolvimento dos centros de linguagem do cérebro.

Na inglaterra, cerca de 11% dos homens e mulheres que possuiam entre 15 e 24 anos são canhotos, comparados a apenas 3% entre 55 e 64 anos. McManus sugere um número de fatores que podem ter contribuído para o crescimento:

* Canhotos eram severamente discriminados durante o século 18 e 19.
* Durante a vida Adulta, canhotos sofriam de preconceito pela sociedade, resultando em menos casamentos e reprodução.
* Como a discriminação foi reduzida no século 20, o número de canhotos que continuaram “esquerdos” aumentou
* A idade da maternidade veio aumentando e isso contribuiu, estatisticamente. Mães mais velhas tem mais chance de terem um filho canhoto

McManus diz que um aumento poderia produzir um avanço intelectual correspondente e um salto no número de gênios matemáticos, esportistas e artistas
Infelizmente, eles tendem a terem maior representação em ambos os lados da escala intelectual, assim como gênios, o grupo produz um número de pessoas com dificuldade de aprendizado. Houve sugestões de que há ligações entre canhotismo e dislexia, autismo, entre outras dificuldades.

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