Aprender um ofício é coisa cheia de rituais. Tive um funcionário no Nabuco, um japonês, cuja maior frustração era não poder aprender a fazer sushi por ser canhoto. Não havia quem se dispusesse a aceitá-lo como aprendiz.
Contei essa história para o Arnaldo Lorençato e ele, encafifado e diligentemente, apurou que não há impedimento formal para eles mas que, de fato, “muitos chefs e sushiman destros têm certa repugnância em ensinar discípulos canhotos, pois são obrigados a inverter o processo para mostrar o corte. Um sacrifício, pois se trata de um processo ainda mais árduo que o aprendizado convencional”.
Lorençato forneceu outras informações preciosas, que agradeço partilhando com os leitores.
“Certo é que mestres e todos os tipos de artesãos preferem os destros, especialmente na carpintaria e na marcenaria, porque no artesanato se exige muita disciplina e uniformidade no resultado. Canhotos fazem nós e cortes diferentes. Precisam, portanto, trabalhar o dobro para superar esse obstáculo”, esclarece Lorençato.
“O mais famoso dos sushimen canhotos no Japão é Jiro Ono, dono e chef do Sukiyabashi Jiro, o três estrelas do sushi mais respeitado de Tokyo. Relatos sobre Jiro-san e também outro sushiman canhoto, Ryuichi Yui, dono e chef do Sushi “Ki”, podem ser lidos em Sushi o Kiwameru (tradução livre: Radicalizando o Sushi), ed. Kodansha, 2003, somente em japonês. Nesse livro, ambos contam o drama de ser canhoto num mundo de artesãos destros. O único sushiman canhoto de qual tenho notícia em São Paulo é Mario Nagayama, da rede Nagayama. Há anos, entretanto, ele atua apenas como empresário”, finaliza o critico que é também o maior e mais erudito especialista brasileiro em culinária japonesa.
Liberdade de aprendizado para os canhotos!
* Carlos Dória é doutor em sociologia e assina o Blog E-Boca Livre.
Prezados amigos, boa noite.
Amei todos os tópicos e gostaria de estar mais interagida com relação ao tema.
Venho atraves deste solicitar mediante este site mais artigos com relação ao mundo dos canhotos pois estou terminando minha pós-graduação em dezembro/10 em Educação Inclusiva, e minha monografia pretendo discorrer sobre o mundo dos canhotos.
Abraços.
Atenciosamente.
Angela Cameschi de Campos.
Nesse outro site tem mais artigos, se quiser dar uma olhada, Angela:
http://www.mundocanhoto.cjb.net/